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CRIANÇAS APRESENTAM TRAÇOS AUTISTAS POR CONTA DO ISOLAMENTO SOCIAL, DIZ PESQUISADORA

  • labjornalismoimpre
  • 16 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 21 de jun. de 2021

Aluna-pesquisadora do Grupo de Neuropsicologia Clínico Experimental e Escolar da PUC-RS, Victoria Guinle disse que os consultórios registram um "aumento alarmante" de crianças que chegam à terapia com sintomas simulando características autistas. Isso, segundo ela, ocorre, pois o transtorno do espectro autista é caracterizado por déficits na interação social.

"A gravidade disso é que as crianças (que não são autistas) não estão apresentando traços típicos de comportamento social. A escola simula situações do mundo real; estar junto dos coleguinhas; os funcionários; a moça da lanchonete e o porteiro; estabelece-se relações de cumplicidade, e isso é muito importante para o desenvolvimento de habilidades sociais. Não se pode afirmar que as crianças desenvolveram autismo porque isso seria impossível, pois a doença é um transtorno do neurodesenvolvimento, ele nasce genotipicamente junto da criança", disse a estudiosa.

Victoria Guinle, aluna-pesquisadora do Grupo de Neuropsicologia Clínico Experimental e Escolar da PUC-RS

Os obstáculos presentes no cenário do isolamento social provocam, ainda, perdas no psicológico da geração de jovens, principalmente os da periferia, segundo Victoria. De acordo com ela, já existem estudos que mostram um prejuízo para os próximos 40 anos nessa geração futura. Esses danos são provocados pelo ensino à distância, o fator que anda impedindo crianças e adolescentes de viverem uma vida normal.


A pesquisadora alerta que a frase “cada criança tem seu tempo” é a maior falácia da educação, da neuropsicologia e da ciência. Ela explica que crianças possuem marcos de desenvolvimento durante o crescimento, o que significa que existem períodos máximos de desenvolvimento, e cada idade tem um “prazo de validade” para uma melhor evolução de determinadas habilidades. Até os sete anos, a criança tem uma maior capacidade de aprender linguagem, escrita, e articulação. Quando esse período ideal é ultrapassado e há uma tentativa de estimular essas habilidades em um momento tardio, a criança já perdeu esse momento propício.


De acordo com Victoria, crianças com até oito anos de idade têm extrema dificuldade de reter a atenção durante as aulas. Inevitavelmente isso ocasiona na evasão escolar nesse período virtual, porque uma criança não consegue manter a atenção no computador por seis horas, simulando um ambiente escolar regular. Por isso, os índices de abandono nunca foram maiores.


Além disso, Victoria Guinle alertou sobre os efeitos das telas sobre a saúde e o bem estar, principalmente no sono, já que é um fator desregulador:

"O sono é um facilitador no processo de aprendizagem, então quando o sono é afetado, você dificulta essa capacidade".

A pesquisadora comparou à época em que escolas nos Estados Unidos fecharam em decorrência de furacões e outros fenômenos naturais. Em média as escolas permaneceram fechadas de um a dois meses. Apenas nesse curto período, as crianças indicaram perda de até 60% nas habilidades de matemática, leitura e escrita. “Já se pode imaginar o tamanho do prejuízo depois de mais de um ano de escolas fechadas” concluiu a estudiosa.


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