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RELIGIOSOS ENFRENTAM DIFICULDADES NOS HOSPITAIS DURANTE A PANDEMIA

Como o serviço de atendimento religioso foi afetado dentro das unidades de saúde com o início da pandemia da covid-19.




Por ser enfermeiro, o padre Renato Prado de Faria, capelão do Hospital São Camilo, em São Paulo, está entre o diminuto grupo de religiosos que continua dando apoio presencial a enfermos na rede hospitalar. Para levar uma mensagem de fé na beira dos leitos, ele troca a batina pelos EPIs (equipamentos de proteção individual). Se antes o seu trabalho era visto como mau sinal, indicando um desfecho próximo, a pandemia trouxe um novo significado à missão hospitalar do padre paulista.


A pessoa está aflita e quer alguém ali para não morrer sozinha. Isso dói”

Renato Faria não é única voz religiosa a enfrentar a agonia dos hospitais lotados pelo alastramento da Covid. Presencialmente ou por meio remoto, como videoconferências ou mesmo orações por tablets e celulares, um verdadeiro exército da fé professa o conforto espiritual num momento crítico para a saúde brasileira. As unidades de saúde abrigam hoje milhares de enfermos, cujo desespero se soma a dos parentes à distância, que encontram em padres, pastores e outros religiosos uma palavra de fé que faz diferença.


A atuação religiosa em meio a pandemia do novo coronavírus, como todas as outras atividades, precisou se reinventar. A vivência das pessoas com o "sagrado" e suas respectivas religiões estava diretamente ligada a presença física em reuniões e cerimônias, o que precisou mudar com a adesão ao isolamento social, necessário para contar a disseminação do novo vírus.


Os novos protocolos sanitários fizeram com que muitas visitas, missas e rituais que aconteciam nos hospitais, fossem suspensos. As maneiras encontradas por algumas instituições é a adesão aos meios eletrônicos, como celulares, tablets e notebooks. Padre Adriano, assessor Eclesiástico no Hospital Norte Dor, no Rio de Janeiro, conta que durante a pandemia as visitas aos pacientes foram proibidas por questão de segurança, fazendo a equipe religiosa recorrer aos encontros virtuais.



“O que mais nos solicitam é a Santa Unção dos Enfermos, em virtude do alto número de enfermos graves. Esse tipo de assistência é muito grande”


Frei Israel, capelão do Hospital São Francisco de Assis, na Providência de Deus, conta como tem sido sua atuação na unidade de saúde.


“Nesta pandemia, dentro de nosso hospital nos leitos não covid, realizamos visitas aos pacientes, orações e bênçãos especiais. Nos leitos destinados aos pacientes com covid, onde há oportunidade fazemos videoconferência para rezar, conversar e animar os pacientes infestados pelo novo coronavírus, contribuindo na recuperação dos mesmos. Como também conversamos com os familiares que chegam inconsolados.”

A manutenção da espiritualidade no Hospital São Francisco de Assis é feita diariamente, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia. Frei Israel celebra missas na Capela Central do hospital, junto aos colaboradores, acompanhantes e pacientes que vão para consultas e exames de rotina. Acontece também, em horário específico, rezas com os agentes da saúde para promover ânimo e força neste momento de luta constante e intensa.




Além dos hospitais


Frei Israel e a equipe religiosa do Hospital São Francisco de Assis também realizam trabalhos voluntários externos. O projeto “Amor que Cura” reunia uma equipe médica voluntária, com psicólogos, assistentes sociais, e outros profissionais, que realizavam visitas em bairros mais humildes da cidade, como o Jardim Gramacho, auxiliando a população de rua local.


“Com a pandemia, fomos um pouco limitados. Então, agora vamos todas as quartas-feiras, às 18h, em alguns pontos estratégicos no centro do Rio, levando roupas, água, comida, além de conversarmos e rezarmos com os moradores de rua”

Outro projeto ativo pela instituição é uma casa terapêutica, que acolhe dependentes químicos. A casa trabalha na ressocialização familiar e social do dependente. O funcionamento da casa é feito integralmente por religiosos e médicos voluntários e continua funcionando normalmente durante a pandemia.





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